quinta-feira, 16 de novembro de 2017

'LIGA DA JUSTIÇA': SEM SER ESPETACULAR COMO 'MULHER-MARAVILHA', LONGA DIVERTE DO COMEÇO AO FIM E NOS DÁ ESPERANÇA QUANTO AO FUTURO DO UNIVERSO DC NO CINEMA




SINOPSE:

Impulsionado pela restauração de sua fé na humanidade e inspirado pelo ato altruísta do Superman (Henry Cavill), Bruce Wayne (Ben Affleck) convoca sua nova aliada Diana Prince (Gal Gadot) para o combate contra um inimigo ainda maior, recém-despertado.

Juntos, Batman e Mulher-Maravilha buscam e recrutam com agilidade um time de meta-humanos, mas mesmo com a formação da liga de heróis sem precedentes - Batman, Mulher-Maraviha, Aquaman (Jason Momoa), Cyborg (Ray Fisher) e Flash (Ezra Miller) - poderá ser tarde demais para salvar o planeta de um catastrófico ataque do Lobo da Estepe.

CRÍTICA:

Filme anterior  da Warner/DC, 'Mulher-Maravilha' foi espetacular, tão bom quanto 'O Cavaleiro das Trevas' (2008) e até mesmo 'Batman: O Retorno' (1992) e 'Superman: O Filme' (1978), para mim, os dois melhores filmes de super-herói já feitos.

Agora, com 'Liga da Justiça', lançado no feriado da República aqui no Brasil e que entra em circuito normal a partir desta quinta (16), pela primeira vez há de fato a sensação de que estamos diante de algo maior, de algo que vale a pena ser mais explorado.

Liga da Justiça : Foto Gal Gadot
Gal Gadot é a Mulher-Maravilha - Fotos dessa Postagem: Divulgação/Warner Bros.
Após o irregular 'Batman vs Superman' e o trágico 'Esquadrão Suicida', é muito bom ver os personagens da DC ganhando destaque e profundidade em cena.

E este é justamente o ponto principal do novo longa, o bom desenvolvimento de personagens, em uma trama que conseguiu fazer com que o público se interessasse por todos os protagonistas, criando um cenário em que todos são importantes para a história e todos ganham espaço para brilhar.

Ben Affleck é o Batman
A trama une elementos vistos nos outros filmes do universo.

É centrada nas Caixas Maternas, guardadas pelos povos da Terra para evitar o domínio de Lobo da Estepe, conquistador que tentou tomar o planeta milênios atrás, mas foi impedido pela união dos antigos deuses, como Zeus, e dos mortais.

Com as ações de Lex Luthor em 'BvS' e a morte do Superman, o vilão sente o chamado das caixas e retorna para finalizar sua dominação.

A invasão é eminente, Bruce Wayne sabe disso e, ao lado de Diana, quer criar um grupo de defesa, mas pode ser tarde demais.

Seria um erro fazer um longa reunindo heróis em que apenas o Batman, Superman e Mulher-Maravilha, os nomes mais reconhecidos, tenham importância.

Jason Momoa é o Aquaman
Assim, o longa acerta em colocar o Flash, Aquaman e até Cyborg com espaço quase tão importante em cena.

Se a dinâmica e interação entre os heróis era algo que não funcionava em 'BvS', aqui é um dos destaques, graças a uma boa química entre todos do elenco, talentoso e carismático.

Gal Gadot está cada vez mais espetacular no papel de Diana Prince/Mulher-Maravilha, mostrando sensibilidade, muita força e determinação.

Ray Fisher é o Cyborg
Já o Batman tenta lidar com a culpa pela morte do Superman, ao mesmo tempo em que lida constantemente com sua própria mortalidade e humanidade em um time em que todos, menos ele, tem algum super poder.

Ben Affleck se reinventa no papel, por vezes nem lembrando sua atuação em 'BvS' e passando de forma clara a impressão de que estamos diante de um sujeito já cansado de tudo aquilo, mas que sabe que deve continuar lutando.

Os novos nomes - Ezra Miller como o Flash, Jason Momoa como o Aquaman e Ray Fisher como o Cyborg - não decepcionam, embora o primeiro incomode muito os fãs do tom sombrio da DC, já que, como nas animações da 'Liga', Barry Allen aqui também é o alívio cômico do filme.

Miller, bom ator, entrega momentos bem divertidos e assume aos poucos a sua importância perante a Liga.

Ezra Miller é o Flash
Jason Momoa faz um Arthur Curry ainda sem saber a que mundo pertence - dos atlantes ou dos humanos - e sua atuação é a melhor da sua carreira, como um bad boy errante, que não sabe ser, nem atlante, nem humano, mas dotado de poderes como controlar as águas dos oceanos e seus habitantes.

Ray Fisher é a única bola fora do time de heróis: seu Cyborg é praticamente  todo feito em CGI e o ator é muito fraco para dar vida a um personagem tão complexo quanto Victor Stone, trazido de volta à vida pelo pai graças a uma das três caixas maternas.

Para completar o time, como todo mundo já sabia, Henry Cavill retorna sensacionalmente como o Superman e entrega sua melhor participação no papel.

O alter ego de Clark Kent, sempre problemático e praticamente imbatível, aqui surge de forma imponente, mas também marcada por sua morte.

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Henry Cavill é o Superman
O retorno à vida do herói - também via caixa materna - é o ponto alto do longa, propiciando uma ótima cena de ação e dois tocantes reencontros - com a Lois Lane de Amy Adams e com sua mãe Martha, mais uma vez vivida lindamente por Diane Lane.

Pena que Cavill apareça em muitas cenas com o rosto bem deformado, consequência do retoque digital no bigode que não pôde tirar por causa das gravações de 'Missão Impossível 6'.

Ficou tão artificial que gera o questionamento se realmente valia a pena manter a cena - obviamente refilmada por Joss Whedon.

Aliás, fica nítido quais cenas Whedon refilmou ou acrescentou ao material de Zack Snyder: por exemplo, as do retorno do Superman e a do encontro entre Batman e Aquaman explicam melhor as situações, tornando as cenas mais inteligíveis ao espectador.

Amber Heard é Mera
Outro grande acerto do longa são as cenas de ação, que teve uma grande evolução em relação aos filmes anteriores - inclusive 'Mulher-Maravilha'.

A opção por confrontos em ambientes claros, aliada a uma fotografia mais colorida, valorizou o trabalho da equipe de efeitos visuais e evitou aquele cenário borrado do final de 'BvS'.

Pelas cenas de ação bem coreografadas, pela cor, pela luz e pelas muitas piadas, fica evidente que a DC quis aproximar o tom do longa aos longas da concorrente Marvel, que ajudam a criar empatia pelos personagens.

Pena que essa 'marvelização' passa também pela presença de um vilão pouco interessante e nada desenvolvido.

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Lobo da Estepe e seus parademônios: vilão dos mais toscos e capangas dispensáveis
O Lobo da Estepe (voz de Ciarán Hinds) é uma figura toda feita em CGI dos mais toscos, sua presença em cena é pouco ameaçadora e seus parademônios são tão dispensáveis como os milhares de alienígenas vistos no primeiro 'Vingadores' ou os robôs comandados por Ultron na sequência.

J.K. Simons aparece em duas rápidas cenas como o Comissário Gordon, Jeremy Irons mostra mais uma vez que é um Alfred mais que perfeito e Amber Heard faz pequena, mas importante participação como Mera, atlante que serve para colocar Arthur, o Aquaman bad boy, na guerra contra o Lobo da Estepe, após este, depois de roubas a caixa materna em poder das amazonas, resgatar também a que havia sido confiada a Atlântida.

Liga da Justiça : Foto Jeremy Irons
Jeremy Irons como Alfred
As comparações entre DC e Marvel ficam ainda mais inevitáveis diante da entrada de Joss Whedon no projeto.

Creditado como um dos roteiristas do filme, Whedon também dirigiu parte das  refilmagens, após o afastamento de Zack Snyder por causa de uma tragédia pessoal - uma de suas filhas cometeu suicídio.

O crédito de diretor, no entanto, segue apenas com Snyder, enquanto Whedon divide o roteiro com Chris Terrio ('Argo' e 'Batman vs Superman').

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J.K.Simmons como o Comissário Gordon
A chegada de Whedon ao universo DC - ele tinha sido contratado pela Warner para tocar o projeto de um longa da Batgirl - é positiva, não apenas pelo bom trabalho na Marvel, mas pelo fato dele ser criativo e talentoso.

Pena que sua entrada repentina em 'Liga da Justiça' não foi o ideal, já que o filme tem problemas claros de construção da narrativa, seja no roteiro, seja na montagem.

Fica claro ao espectador mais atento de que foi uma obra remontada, com visões conflitantes trabalhando numa só produção.

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Amy Adams como Lois Lane
As apresentações dos novos heróis ficaram muito rápidas e pouco naturais e o vilão surge de forma aleatória e pouco impactante em diversos momentos.

O caos, no entanto, por um momento acaba quando o espectador embarca na jornada de heróis realmente cativantes e por um cenário geral que merece ser explorado.

Conhecido pelas trilhas dos filmes de Tim Burton, o compositor Danny Elfman volta a trabalhar num filme da DC exatos 25 anos após 'Batman: O Retorno' e fez um trabalho realmente interessante, principalmente por unir a sua trilha para 'Batman', a de Rupert Gregson-Williams para 'Mulher-Maravilha' e o clássico tema de John Williams para 'Superman: O Filme'.

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Diane Lane é Martha Kent
E as referências aos filmes anteriores da DC (além do presente universo) não estão apenas na trilha, mas em frases e até expressões corporais presentes no roteiro - é interessante vermos Cavill fazendo a clássica pose de Christopher Reeve e Affleck agachado no alto de um prédio, a capa negra tremulando ao vento, numa das icônicas poses do Batman.

Ao final, temos duas cenas pós-crédito - o espectador deve ficar sentadinho na sala até o fim - veja abaixo.

'Liga Da Justiça' mostra que a DC está mesmo no caminho certo e embora ainda não tenha acertado a mão, a melhora é óbvia.

O  filme é capaz de divertir do começo ao fim e consegue manter o interesse do público mesmo longe das cenas de ação.

Se não é o filme perfeito e não é espetacular quanto 'Mulher-Maravilha' o foi, o longa é uma luz de esperança no universo da DC, além de ser tudo o que 'Batman Vs Superman' quis ser e não foi.

APRESENTAÇÃO DOS HERÓIS DA LIGA:

Barry Allen, o Flash


Victor Stone, o Ciborgue


Arthur Curry, o Aquaman


Diana Prince, a Mulher-Maravilha


Bruce Wayne, o Batman

TRAILER:


PÔSTERES ORIGINAIS:
















SPOILERS:

* As amazonas, lideradas pela Rainha Hipólita (Connie Nielsen) aparecem mais guerreiras do que em 'Mulher-Maravilha'.

As três caixas maternas, fontes de poder absoluto que o Lobo da estepe está atrás, foram confiadas às amazonas, aos atlantes e aos humanos - cada um ficou com uma.

 A cena de Clark, no meio do milharal na fazenda Kent, não é um sonho de Lois Lane, como pensávamos: após ser ressuscitado e ainda confuso, entrar em confronto com seus amigos da Liga, ele a leva para lá - o que o faz recuperar a razão.

 A primeira cena pós créditos é a icônica corrida entre o Flash e o Superman, um tira teima para sabermos quem é o homem mais veloz da Terra.
O confronto começou nas HQs da DC ainda nos anos 1970, passou por outras histórias mais recentes e chegou recentemente ao primeiro crossover entre as séries de heróis da Warner - quando o Flash aposta corrida com a Supergirl.

 A segunda cena pós créditos é mais interessante: mostra Lex Luthor (Jesse Eisenberg) fugindo da prisão ajudado por Slade Wilson, o Exterminador.
Depois, já a bordo de um luxuoso iate na baía de Mônaco, Luthor conversa com ele, que tira o capacete e revela que o personagem já é interpretado por Joe Manganiello -  escolhido anteriormente para dar vida ao personagem em 'The Batman', próximo longa solo do Morcego.

FICHA TÉCNICA:
Liga da Justiça : Poster
'LIGA DA JUSTIÇA'
Título Original:
JUSTICE LEAGUE
Direção:
Zack Snyder
Elenco:
Amber Heard, Amy Adams, Ben Affleck, Billy Crudup, Ciarán Hinds, Connie Nielsen, Daniel Stisen, Diane Lane, Erin Eliza Blevins, Ezra Miller, Gal Gadot, Henry Cavill, J.K. Simmons, Jason Momoa, Jeremy Irons, Jesse Eisenberg, Joe Morton, Kiersey Clemons, Lisa Loven Kongsli, Michael McElhatton, Ray Fisher, Robin Wright, Samantha Jo
Roteiro:
Chris Terrio, Joss Whedon
Produção:
Charles Roven, Deborah Snyder, Geoff Johns, Jon Berg
Fotografia:
Fabian Wagner
Montador:
David Brenner, Martin Walsh, Richard Pearson
Trilha Sonora:
Danny Elfman
Estúdio:
DC Entertainment, Warner Bros
Distribuidora:
Warner Bros
Ano de produção:
2017
Duração:
121 min.
Estreia no Brasil:
16/11/2017
Classificação Indicativa:
10 anos

COTAÇÃO DO KLAU:

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